domingo, 23 de maio de 2010

Tipografia 2

A Tipografia (do grego typos, "forma" e graphein, "escrita") pode ser definida como "a arte de produzir textos em tipos, isto é, caracteres. Ou ainda a arte de compor e imprimir em tipos" (Ribeiro,1998).
De uma forma mais simplista, poder-se-á afirmar que é o processo de criação na composição de um texto, física ou digitalmente, tendo como principal objectivo dar ordem estrutural e forma à comunicação impressa. Para então conseguir tal objectivo, a Tipografia não envolve apenas o desenho da forma das letras, sendo necessário organizá-las no espaço da comunicação imprensa. Assim, na Tipografia não interessa somente desenvolver uma fonte, mas saber utilizá-la de forma conveniente. Isto porque uma composição tipográfica deve ser legível e visualmente envolvente, sem desconsiderar o contexto em que é lida e os objectivos da sua publicação. Logo, qualquer que seja o meio utilizado, qualquer projecto tipográfico deve utilizar fontes tipográficas "coerentes" com os seus objectivos específicos, o seu público-alvo e outros factores tipográficos importantes como históricos, técnicos e conceptuais.
A escrita cuneiforme suméria é, juntamente com os hieróglifos egípcios, a mais antiga língia humana escrita conhecida. São os fenícios, povo de marinheiros e comerciantes, que adaptam o alfabeto egípcio, com os seus glifos fonéticos que são a base de de todos os alfabetos usados no ocidente e nas línguas Indoeuropeias. Posteriormente, os gregos importaram o alfabeto fenício, introduzindo as suas vogais, e os Romanos, assimilando os elementos culturais dos territórios que iam dominando, adaptaram o alfabeto Grego/Etrusco à sua língua e fonética. É nesta época que se desenvolvem as terminações das letras denominadas de serifas e vários tipos de letra (Capitalis Quadrata,Rústica, Cursiva, Uncial). É já no século XV que a Tipografia dá uma passo de gigante, com a invenção da prensa tipográfica. A tipografia clássica baseia-se em pequenas peças de madeira ou metal com relevos de letras e símbolos — os tipos móveis. Tipos rudimentares foram inventados inicialmente pelos chineses. Mas é no século XV que são redescobertos por Johann Gutenberg, com a invenção da prensa tipográfica. A diferença entre os tipos chineses e os de Gutenberg é que os primeiros não eram reutilizáveis. A reutilização dos mesmos tipos para compor diferentes textos mostrou-se eficaz e é utilizada até aos dias de hoje, constituindo a base da imprensa durante muitos séculos. Essa revolução que deu início à comunicação em massa, foi cunhada pelo teórico Marshall McLuhan como o início do “homem tipográfico”.

A Letra ultrapassa o seu carácter meramente funcional, sendo ela própria uma matéria visual de representação fónica, transformando-se num "veículo" visual de transmissão de conceitos. Por outras palavras, a Letra desempenha como grafismo uma função autónoma da sua função textual. Este facto é facilmente observável pelas diferentes sensações que os diferentes tipos de Letra provocam no receptor da mensagem. Isto é, a Letra, além do seu papel estético e simbólico, transporta um forte valor semântico. Sendo assim, a Letra, como elemento da Comunicação Visual e mais propriamente como parte integrante e importante do design gráfico, tem por si só um valor imagético, transmitindo determinados conceitos a quem a visualiza. É exactamente nesta premissa que assenta a proposta de trabalho n.º 2, que nos desafia a criar três composições tipográficas que materializem os conceitos associados a três heterónimos do poeta Fernando Pessoa; Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Pretende-se que cada uma das composições traduzam as características particulares de cada um dos heterónimos, quer seja através do tipo de letra utilizado como da percepção sensorial que essas composições transmitem.

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