As várias correntes artísticas e estéticas que surgiram no início do século XX procuraram oferecer um novo olhar sobre o mundo, rompendo com a herança renascentista das academias de arte. Destas novas formas de arte modernas, a arte abstracta teve um papel decisivo em toda a arte produzida no mundo contemporâneo e influenciou, na minha opinião, o Design de Comunicação Visual. A Arte Abstracta é geralmente entendida como uma forma de arte que não representa objetos próprios da nossa realidade concreta exterior. Ao invés disso, usa as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira não representativa. Assim, acaba por substituir a realidade exterior pelas cores, formas, linhas, planos, usando as relações formais entre estes elementos para compor a realidade da obra. O artista interpreta a realidade que o rodeia através das suas reacções afectivas e concepção mundo, privilegiando a emoção que a realidade lhe suscita em detrimento da representação concreta da realidade.
Para fazer essa representação abstracta da realidade o artista inspira-se nos elementos básicos de comunicação visual, como o ponto, a linha, o contorno, a direcção, a tonalidade, a cor, a textura, a dimensão e inclusive, o movimento, expressando-os de forma inovadora e baseando-se no inconsciente e na intuição para construir uma arte imaginária ligada a uma necessidade interior.
Jackson Pollock foi um pintor americano, nascido em 1912, referência no movimento do expressionismo abstracto. Este movimento artístico teve origem nos Estados Unidos da América, tendo sido o primeiro movimento especificamente americano a atingir influência mundial e também o que colocou Nova Iorque no centro do mundo artístico. O movimento ganhou este nome por combinar a intensidade emocional do expressionismo alemão com a estética antifigurativa das Escolas abstratas da Europa, como o Futurismo, o Bauhaus e o Cubismo Sintético. O expressionismo alemão centrava-se na interiorização da criação artística em detrimento da sua exteriorização,projectando na obra de arte uma reflexão individual e subjectiva. Isto é, a obra de arte é o reflexo directo do mundo interior do artista expressionista.
Pollock desenvolveu uma técnica de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. O quadro "UM" é um exemplo dessa técnica. Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro. Pollock parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela para criar a obra de arte, que é um prolongamento do seu interior. Podemos mesmo dizer que, tal como outros pintores seus contemporâneos, a sua esfera da arte é o inconsciente.
Também o pintor holandês Willem de Kooning fez parte do expressionismo abstracto nova-iorquino, sendo em certa medida compagnon de route de Pollock. Uma das primeiras mensagens deste blogue apresenta uma colecção de obras deste pintor.
Wassily Kandinsky nasceu na Rússia em 1866 e pode-se dizer que foi o grande introdutor da abstracção nas artes visuais. Foi professor da Bauhaus (escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha)e desenvolveu já na década de 1910 os seus primeiros estudos não-figurativos, o que o leva a ser considerado o primeiro pintor ocidental a produzir uma tela abstracta. A criação de Kandinsky de trabalhos puramente abstractos seguiu um longo período de intenso desenvolvimento e amadurecimento do pensamento teórico baseado nas suas experiências pessoais artísticas. Chamou a esta devoção como beleza interior, fervor de espírito e uma necessidade funda de desejo espiritual, que foi o aspecto principal da sua arte.
Desenvolveu a arte abstrata até o fim de sua vida. Junto a Piet Mondrian e Kasimir Malevich, Wassily Kandinsky faz parte do "trio sagrado" da abstração, sendo o mais famoso.
terça-feira, 18 de maio de 2010
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